domingo, 13 de setembro de 2020

Marcos Peixe: SOTEROLHARES

 SOTEROLHARES

 

Desperta o galo às cinco,

Abrem-se portas e janelas

Verdes, vermelhas, amarelas.

 

E o mar, sereno, olhando...

 

O mar, calado, espelha

Os barquinhos de remo.

Os de vela esperam o vento.

 

E as casinhas olhando...

 

Acorda São João do Cabrito

Plataforma, Lobato.

E sobe o cheiro do café, do mocofato.

 

E o mar, sereno, olhando...

 

Pede licença ao fim da noite

O sol, sonaldino ainda,

Criando juntos uma imagem linda!

 

E as casinhas olhando...

 

D. Luzia acordou as quatro,

Roxa nina o bebê que chora,

E o cão sorri, saltando fora!

 

E o mar, sereno, olhando...

 

“Já vai¿” Evaristo pergunta

A Gato Mestre, na areia, rede em mão.

 “Tô indo, guerreiro, mestre, irmão!”

 

E as casinhas...

 

Olhando as águas do subúrbio

De uma Salvador guerreira

De um povo que raia com o sol.

 

E o mar...

 

Olhando as casinhas

Estreitas, penduradas, coloridas

Apaixonadas pelas águas

 

Da serena baía.

AMENDOIM NO CORDÃO

 

AMENDOIM NO CORDÃO

 

O badogue de goiabeira

Mirando ou não

O boi de barro

Pastando quebrado no chão

O amendoim no pescoço

Colar de cordão.

 

Ah! Infância no interior...

A MOLHAÇÃO DO RIO

 A MOLHAÇÃO DO RIO

 

Sua secura desmolhou

Fauna Flora

E os pés do roceiro.

 

Um dia, chuva

Jogou-se na cabeceira

Pá! Pá não: spsiddiridifeidjda

 

Vai moiá!

Disse feliz apromando

Olho e ouvido longe.

 

Mas a certeza certa se deu

Quando viu os cabra no leio

Escarrerado pela torrente

 

Que vinha

de lado a lado

Molhando o grande rio!