NÃO-EU
Às vezes sinto-me
não-parte deste (i)mundo.
Ojerizo do que é gozo
para a massa e aparto-me
psiquicamente da psiquê
festiva do planeta.
Do pão e circo não
me refestelo, não sinto fome,
nem tenho gargalhada
larga n'alma serena.
Até tento ser parte desse todo
endoidecido, risonho e amargo.
(Pode ser que o stranger seja apenas eu)
Mas não encontro o caminho
fácil por onde muitos passam
acotovelando-se como a manada:
pisoteando-se, machucando-se e
desculpando-se, arrebatados
pelo cheiro da nova canção
sem notas que veem a quilômetros.
(o importante é saciar-se
do novo nocivo nojento
lamentoso lançamento de coisa
alguma de ninguém algum).
Até tento compreender-me,
compreendendo os demais
que me olham e me chamam
para a messe incompreensível
que arrebata as multidões
famintas do infinito imediatismo
que esvazia o ser da felicidade
verdadeira de ser eternamente livre.
Até penso em ser mais um
no pasto e repasto dessa
tele-cyber-eletrocultura do
deixais fazer e passar,
mas não encontro em mim
essa estrada curta, larga e iluminada
que alonga, restringe e desilumina
bilhões de humanos ovinizados.
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